sexta-feira, 10 de junho de 2011

"O PERIGO DE UMA HISTÓRIA ÚNICA"

             A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, em entrevista aoTED.com, fala sobre o perigo de uma história única.
             O PERIGO DOS RÓTULOS, DOS CONCEITOS ESTEREOTIPADOS
Esses processos se apreendem dentro de casa, na família.  O olhar da mãe é o primeiro a nos constituir. Só nos reconhecemos como um ser para além da mãe a partir deste primeiro olhar fundador. O primeiro mundo privado que habitamos, o de dentro de casa,é onde, desde pequenos iniciamos o nosso embate com as histórias únicas. Os pais costumam rotular seus filhos de modo negativo:  Aquele é inteligente, aquele é preguiçoso e o outro é egoísta, o mais provável é que esses filhos cumpram  profecias ditas por seus pais. 
     O  que  sempre foi, pode ser desconstruído, caso contrário seguiremos reproduzindo  falas e atribuindo conceitos estereotipados sobre meninos e meninas. Como poderia ser diferente?
     Aquilo que nossos pais pensam sobre nós é o que constitui a narrativa da vida de cada um. Ela será nossa marca para sempre. 
      Como caminhar para o vir a ser se somos aprisionados antes de nossos primeiros vôos? Como exercitar diferentes performances se já estamos marcados e condenados a sermos o resultado das narrativas que permeiam o senso comum? 
     O que temos hoje são meninos e meninas que se desenvolvem tropegamente com estereótipos fechados sobre si mesmos.  Arrastam esses estigmas como constituinte de sua natureza, de sua essência humana.  
     A escola poderá ser o o espaço que intermediará a quebra desse olhar. É nesse espaço público que nós, educadores, somos chamados a promover a descoberta de novos modos de  a criança, o adolescente se perceberem no mundo, na comunidade, na família, de um jeito inédito,  caso contrário, viveremos à sombra de estereótipos sedimentados, maléficos, que destroem a possibilidade de formar cidadãos com possibilidades concretas de construir uma sociedade que valorize a história de cada um. 
     O problema é que, a escola, muitas vezes, faz o caminho contrário, ela ajuda a sedimentar  ainda mais os rótulos familiares, e por vezes cria outros tão maléficos quanto – com sentenças como: “este é inteligente”, “aquele é burro”, “o outro violento”, “aquele não tem jeito”, “este é um caso perdido”, "as famílias são todas iguais".      A história única na família e na escola é o ato mais covarde cometido por pais e professores que não sabem o que fazem – ou sabem, mas não conseguem ou não querem fazer diferente. Educar é ampliar as possibilidades narrativas da vida de cada um e da vida dos outros.
     De certo modo, crescer é tornar-se capaz de quebrar a sucessão de histórias únicas sobre a nossa existência. 
     Seria interessante nos deixar provocar por este vídeo e confrontar nossas escolhas pessoais, crenças, valores, hábitos, nas diferentes relações que mantemos no trabalho, na vida, diante do conhecimento do outro, da crença do outro, da formação do outro, da cultura do outro. Acesse o link e compartilhe de um novo posicionamento diante da vida.


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