terça-feira, 9 de março de 2021

MÚSICA: OUÇA - VEJA - GRITE


A pandemia conecta sentimentos disparadores para observação da realidade produzindo processos reflexivos internos, externos e coletivos de empatia com todos os acontecimentos que produziram uma angústia coletiva. Esta canção mediada por tantos ecos.

sábado, 27 de fevereiro de 2021

MEDIAÇÃO DE LEITURA: A MOÇA TECELÃ


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

ENCANTAMENTO

sábado, 18 de agosto de 2018

A MAIOR CONTADORA DE HISTÓRIAS DO BRASIL ERA PARAIBANA


Luzia Tereza bateu recorde na arte de contar estórias

"A permanência em nossos dias da milenar arte de narrar,
    que nasceu com o homem e o tem acompanhado ao longo de sua existência, 
revela a importância das narrativas para o ser humano 
pela necessidade de reviver experiências
 e conviver com a fantasia" (PIMENTEL, 1995)
A maior contadora de estória do mundo era de Guarabira, PB
          
Contar estórias é diferente de contar histórias. Quem nasceu entre as décadas de 30 e 50, por exemplo, sabe muito bem sobre isso. Sabe o que é se reunir à noite no terreiro de casa para ouvir os mais velhos no exercício da milenar arte de narrar, que nasceu com o homem e o tem acompanhado ao longo de sua vida. Este artigo destaca a paraibana que bateu recorde na arte de contar estórias: Luzia Tereza.

“A permanência em nossos dias da milenar arte de narrar, que nasceu com o homem e o tem acompanhado ao longo de sua existência, revela a importância das narrativas para o ser humano pela necessidade de reviver experiências e conviver com a fantasia”, defende o pesquisador e escritor espanhol Fernando Savater.



Em consenso, vários pesquisadores afirmam que um escravo grego já liberto de nome Esopo foi um dos pioneiros na arte de narrar, por volta de 500 a.C., quando já circulava pela Grécia uma coletânea e fábulas esópicas.

Com o passar dos tempos, outro nomes se destacaram mundialmente na arte de contar estórias, como o francês Jean de La Fontaine, considerado “Pai da Fábula Moderna”. Ele é autor da famosa frase “sirvo-me dos animais para instruir os homens”, e também autor da obra “Fábulas”, que contém os contos “A cigarra e a formiga” e “A raposa e as uvas”.

Já o francês Charles Perrault foi o responsável pelo surgimento dos chamados ‘contos de fadas’. Os irmãos Grimm, Jacob e Wilhelm, da Alemanha, pesquisaram e adaptaram fábulas à literatura infantil dando origem a personagens como Branca de Neve, Rapunzel e João e Maria.

O dinamarquês Hans Cristians Anderson é outro nome famoso da literatura infantil – ele é autor do “Patinho Feio”. Em “Contos populares reunidos”, o português Gonçalo Fernandes Trancoso conta as “estórias de Trancoso”.

Em nosso país, escritores famosos como Monteiro Lobato, Câmara Cascudo e o guarabirense Rodrigues de Carvalho, por exemplo, têm mérito por preservarem as estórias que ouviram de anônimos, tendo, posteriormente, registrado isso em papel para a posteridade.

Há registro de muitos contadores de estórias famosos, mas a maior de todas foi dona Luzia Tereza. Natural de Guarabira (PB), ela nasceu no dia 15 de março de 1909 e residiu na zona rural da cidade.

Dona Luzia não teve infância comum, com diversão e brincadeiras. Aos oito anos começou a trabalhar no roçado ajudando o pai. E com a morte da mãe, teve que ajudar a criar os 15 irmãos menores. Ela teve uma vida de sacrifício e dificuldades, porém também tinha uma boa memória e a devida sensibilidade, elementos essenciais ao contador de estórias. Dona Luzia Tereza é considerada a maior narradora de estórias do mundo.

Boa parte das estórias que sabia, Luzia Tereza aprendeu no sítio onde morava. Havia ali as noitadas em que a vizinhança se reunia no terreiro, à luz da Lua e de candeeiros, para ouvir as estórias de dona Luzia.

Conforme Altimar Pimentel, pesquisador e folclorista da Universidade Federal da Paraíba, Luzia Tereza gravou em sua mente 236 contos, um recorde mundial, bem mais que os geniais irmãos Grimm que só conseguiram memorizar 220 contos populares.  

O que impressiona em Luzia Tereza é a expressividade de seu rosto, dos braços magros e longos, as mãos descarnadas que se erguiam ou que ela utilizava em gesticulações tão preciosas. A expressão corporal compunha com variações vocais, às inflexões apropriadas os movimentos mágicos e cativantes em que narrava. Os gestos desenhavam personagens e situações, evocavam imagens, delineavam seres e coisas. A velhinha calada, acanhada, tímida transmudava-se narrando estórias de príncipes, princesas e fadas: vivia cada personagens e colhia exemplos locais para melhor visualização da narrativa”, testemunha Altimar.

O público ouvinte de dona Luzia Tereza era composto, em sua maioria, por crianças. Atentas, elas ficavam felizes em ouvir as estórias e até pediam para repetir. “Conte outra vez”, diziam. Embaladas por uma narração singular, então, algumas delas até adormeciam e sonhavam com esse mundo literário.

Dona Luzia sofreu muito em vida. Ela passou seus últimos dias no Hospital Padre Zé, onde também amenizava as dores dos enfermos contando estórias. Seu único filho a abandonou muito cedo e dele não se teve mais notícias.

Católica fervorosa, seu último relato á professora Myriam Gurgel Maia foi angustiante: “Meu bom Jesus, eu não tenho ninguém nesse mundo. Se eu morrer, não deixo falta a ninguém. Eu sei que é pecado pedir pra morrer”. E nesse encontro, narrou sua última estória: “A menina dos cabelos de outro”. Era 26 de janeiro de 1983.

Com o intuito de preservar a arte da narrativa, o Núcleo de Pesquisas e Documentação Popular da UFPB desenvolveu o projeto ‘Jornada de Contadores de Estórias da Paraíba’ entre os anos de 1977 a 1983. A pesquisa resultou em dois volumes da obra “Estórias de Luzia Tereza”.

Citando o escritor Guimarães Rosa, o professor Vicente Barbosa também acredita que “as pessoas não morrem, as pessoas se encantam”. “Assim, no dia 31 de maio de 1983, dona Luzia Tereza se encantou e foi viver tranquila num reino encantado entre fadas, príncipes e duendes, longe da ambição e da maldade humana”, afirma Barbosa em homenagem póstuma a guarabirense Luzia Tereza. 
(Por Joseilton Gomes, com colaboração do professor historiador Vicente Barbosa)
FONTE: https://www.amazon.com.br/Estórias-Luzia-Tereza-Maior-Contadora/dp/8570622805

Contribuição deste Blog: Obras escrita pelo Folclorista Altimar Pimentel e publicadas pela Thesaurus Editora que armazenam as memórias da Contadora Luzia Tereza. 

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Onde encontrar: https://www.thesaurus.com.br

sábado, 7 de fevereiro de 2015

RÓI RÓI (ou Galinha Choca)

RÓI- RÓI

Brinquedo inventado por crianças e adultos vive ainda no imaginário de crianças dentro da gente, e das crianças que ainda tem no brincar uma dimensão viva da relação do encontro com o mundo, com o imaginário. Brinquei muito na minha terra Maranhão. De uns anos pra cá, morando no sudeste, descobri uma nova significação para o brinquedo: Adereço para sonoplastia na Contação de histórias. Para nós contadores que fazíamos o abrir de portas com um som gutural de imitação de rangidos...temos no Rói Rói o grande protagonista para abrir portas, portões, alçapões, mundos secretos, etc. 
O  rói-rói é um pequeno brinquedo confeccionado com uma caixinha cilíndrica, fechada numa das extremidades, de onde um pequeno cordão de sisal encerado com breu é ligado a um pedaço de madeira. Em movimentos giratórios, a fricção provoca um ruído que ressoa na caixinha, que funciona como amplificador. É um brinquedo muito popular em feiras e mercados públicos do Nordeste. Em alguns lugares é conhecido como Berra-Boi e Cigarra. Você encontra esse brinquedo no litoral, em casas de artesanato. Eu o reencontrei em Itanhaém, na Praia do Sonho. Aproveite..Vamos abrir todas as portas da imaginação. Acrescentei a esta postagem, algumas informações que encontrei no site: http://papjerimum.blogspot.com.br/2012/10/os-brinquedos-artesanais-do-nordeste.html
           Contadora de Histórias Maria Maranhão - 6/02/2015



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

KERITY, A CASA DOS CONTOS DE FADA


A Casa dos Contos de Fada - Ao se mudar para a casa de sua excêntrica tia, Natanael herda uma antiga coleção de livros infantis. Aos poucos, o menino descobre que a biblioteca serve também de abrigo para heróis e vilões de contos de fadas que estão em perigo, pois os pais de Natanael querem se livrar dos livros com a mudança. Em uma grande aventura, ele terá que salvar os personagens antes que desapareçam das histórias para sempre.
Trata-se de "KERITY, A casa dos contos de fada", um desenho animado francês cuja autora é Rebecca Dautremer. O filme que é pura magia...brinca de maneira ímpar, com a temática da leitura, dos mundos possíveis que ela nos abre, levando o público de qualquer idade à penetrar na fantasia, percorrendo a delicada performance do personagem, no enfrentamento dos desafios da trama. A beleza e a delicadeza das imagens ajudam a percorrer esse universo. Aqui um trechinho da história para apreciação:
Era uma vez um garotinho chamado Natanael...ele era muito inteligente, conhecia de cor o alfabeto, mas não conseguia unir as letras para poder formar as palavras, o que o deixava muito triste. Ele tinha uma tia que ele adorava chamada Eleonore, que passava horas narrando contos de fadas para embalá-lo. Esta, deixou como herança para ele a chave de um cômodo secreto da casa, onde ninguém nunca havia entrado antes...e nele penetrando Natanael teve uma grande surpresa.
Era uma imensa biblioteca, com as edições originais de Pinóquio, O Pequeno Polegar, Peter Pan e o Capitão Gancho, Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau, Alice no País das Maravilhas, enfim as histórias de todos os heróis que povoam a imaginação infantil. E a surpresa foi ainda maior quando eles se materializaram saindo de seus livros, para pedir socorro a Natanael, pois devido a um feitiço se um ser humano não lesse a frase que estava inscrita na entrada da biblioteca até meia-noite todos eles iriam desaparecer para sempre dos livros e da memória de todos...
Imaginem a aflição do pobre Natanael, pois ele não sabe ler e além disto seus pais são obrigados a vender os valiosos livros ao vilão Pictout (Rouba Tudo) para pagar os estragos que a velha casa da tia Eleonore sofreu durante uma tempestade. Então a história se desenrola em torno da aventura de Natanael (que foi reduzido pela bruxa malvada ao tamanho dos personagens) que enfrente a hostilidade do mundo "dos grandes" para recuperar os livros e voltar a tempo à biblioteca, para tentar decifrar a frase salvadora, com a cumplicidade de sua irmã Angélica, do tio Adrien, e de todos os pequenos personagens dos contos. Mas felizmente o filme tem um final feliz, e na última badalada de meia-noite, ele consegue ler a frase :
"Ce n'est pas parce que c'est inventé que ça n'existe pas"!
("Não é porque algo é inventado que não existe"!)
 Vale a pena tentar encontrar, assistir...Por caso vi no canal pago. Foi um bom momento de sonho e magia para perceber o valor da leitura, da descoberta de outros mundos...recomendado para pequenos e grandes...


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

CRIE SEU CLUBE DE LEITURA

Colaborando para Criação de Clubes de Leitura.

Encontrei esta matéria muito saborosa e repliquei aqui na íntegra, como forma de preservar todas as informações importantes para os interessados em criar seu "Clube de Leitura" no seu bairro, na sua comunidade, etc...A imagem abaixo (GIF) talvez não apresente títulos que você curta ou aprecie, não importa...Busque seu repertório, faça leituras deleite, convide amigos, parentes. Vamos ler!CLUBE DA LEITURA EMEF PROFESSORA MARILI DIAS

Como criar um Clube de Leitura

Sem mistérios, um clube de leitura é um evento social que propicia às pessoas trocarem experiências literárias. A princípio, é uma conversa informal que gira em torno desse tópico comum, um livro preferencialmente já lido pelos demais integrantes do grupo.
Existem inúmeras formas de organizar um clube de leitura; abaixo indicarei algumas páginas que contem informações importantes a respeito. Suponhamos que queiras formar um clube, por que se dar ao trabalho?
  1. Porque é algo social. As pessoas tendem a cumprir melhor suas metas quando tomadas em conjunto, porque, digamos, o espírito de grupo as motiva mais do que se seguissem sozinhas.As médias de leitura no Brasil são baixíssimas e o simples ato de entregar livros às pessoas nada resolverá; é preciso gerar estímulo, não restringir-se à leitura como um passatempo entre tantos outros. Os clubes de leitura tornam os livros numa fonte de relação entre indivíduos.
  2. Porque é uma experiência intelectual. Além do ato de ler, a expectativa de um clube de leitura gera a reflexão sobre aquilo que se leu. As impressões e os pensamentos acerca das obras se tornam mais claros com a necessidade de expressão exterior. E mais do que isso. As conversas revelam pontos de vista e possibilidades de leitura que uma pessoa sozinha não teria, o que só faz engrandecer o entendimento que cada um tem das obras que foram compartilhadas.
  3. É divertido, gostoso mesmo de se participar. Quando o clube é bem conduzido as pessoas saem mais leves, mais felizes por terem interagido. Quem não se sente um pouquinho melhor quando tem à sua frente um grupo que lhe presta atenção? E é assim com cada participante. Se um clube é bom, a primeira frase que se ouvirá tão logo termine um encontro será: “Não vejo a hora do próximo clube”.
Ficaste com vontade de montar um clube? Primeiro, sabe que não é demasiado complicado e que pessoalmente recomendo te juntares a um grupo pré-existente. Digo isso para que possas te testar, ver quais são os rumos que uma conversa pode tomar, que tipos de pessoas hás de encontrar e, sobretudo, para que tenhas assiduidade nas leituras e nas discussões.
A maioria dos grupos precisará da figura de um moderador ou de uma moderadora. Essa figura de nenhum modo é responsável por censurar os integrantes do clube nem dizer o que ali é certo ou errado. Não existe certo ou errado num clube de leitura, não se deve tolher a participação do outro nem acanhá-la. O objetivo é justamente deixar todos à vontade para se expressarem.
No entanto, o moderador será útil em muitas ocasiões. Ele é geralmente a pessoa mais empolgada com o clube e quem se esforçará mais para manter o grupo unido. Portanto, é de suma importância que esse indivíduo seja responsável e assíduo, para que o clube não se desfaça sem essa referência.
Nos países de língua inglesa os clubes de leitura têm grande tradição e difusão. Através de iniciativas individuais, bibliotecas, instituições de ensino, meios de comunicação de rádio e estrelas de televisãograndes livrarias e até editoras estimulam a criação e manutenção de clubes, inclusive com o oferecimento de parcerias e guias de como montar tais grupos. (No final da página listarei de novo todos os endereços desses manuais, todos em inglês).
Já no Brasil o processo ainda está em evolução. Quem tem feito uma boa iniciativa nesse sentido é a recém fundida Penguin-Companhia das Letras, que conta com um programa de clubes de leituraespalhados por várias cidades brasileiras, nos moldes da Penguin internacional.
Então, vamos montar um clube? Divido em três os aspectos principais que deverás pensar bastante e com antecedência. São eles: o evento, as pessoas e as conversas.
1. O evento:
No evento incluo tudo que diz respeito à parte organizacional do clube. Será público? Privado a um grupo de conhecidos? Onde será? Será virtual? Será na casa de alguém, num espaço público ou privado? Esse lugar aceita o recebimento do grupo? Quando será? Que dia e horário são mais viáveis? Qual o propósito do clube e que gêneros de livros serão lidos? Pois existem clubes dos mais variados, dos mais comuns, que são livros de ficção adulta, a clubes voltados exclusivamente para determinadas áreas do conhecimento ou para livros infantis.
Além disso, como funcionarão os encontros. Haverá espaço para todos? Haverá divulgação? Haverá limite de tempo? Com que frequência se realizarão? Disponibilizar-se-á comida, bebida? Quem arcará com os custos? Como se conseguirão os livros? Esse é um ponto importante, pois a compra de livros poderá sair cara para a maioria dos participantes e muitas cidades do Brasil ainda sofrem com a carência até de bibliotecas.
Tudo isso deve ser levado em conta para tornar o clube mais atrativo e acessível às pessoas. E em todas essas questões será bom consultar a opinião de outros.
2. Os participantes:
Caso já se tenha amigos e conhecidos interessados em leitura, tanto mais fácil. Se desejas criar um evento aberto ao público, será mais interessante começar com umas poucas pessoas amigas dos livros e aos poucos expandir para aqueles que lhes são mais arredios. Não te preocupes, assim que o clube estiver bem encaminhado e ele conseguir contentar seus participantes, então outros integrantes serão atraídos para ele, mesmo que de início não sejam ávidos leitores.
Podes procurar pessoas com interesse em comum pela internet. Em português já existe uma rede social para clubes de leitura e há outras tantas focadas no público leitor, como Goodreads e Skoob. Basta procurar ali pessoas próximas a ti e ver no que dá. Ou pode-se também – aliás, deve-se – divulgar a ideia nos meios que estiverem disponíveis: Facebook, blogues, boca-a-boca… Tudo deve ser tentado, pois a parte mais trabalhosa é montar esse primeiro grupo coeso e interessado, para que se torne interessante a ponto de atrair os demais.
Outra forma de se conseguir integrantes é contar com o apoio de alguma instituição ou empresa. Por exemplo, bibliotecas, livrarias, cafés ou empresas das mais variadas, todos têm um público habitual e grande exposição. Se propores uma parceria, podes oferecer a iniciativa e eles poderão em troca te oferecer divulgação ao público.
Esse tipo de acordo é vantajoso a ambas as partes, mas tenhas cuidado com imposições por parte desses lugares. Não concordes com aquilo que não te sentes confortável. Se alguma associação te parece estranha, tenta em outro lugar. E é crucial que esse lugar esteja pronto para receber os integrantes do clube de leitura à hora e no dia marcados. Para atrair mais pessoas um clube precisa ser rígido em sua organização externa, no sentido de apresentar segurança e ordem ao público, ainda que flexível em sua organização interna. Trato disso no próximo tópico.
3. As conversas:
Tu, como futuro moderador e cidadão, percebes que há inúmeras formas de uma conversa desandar. Agressividade, crítica destrutiva, solipsismo, ensimesmamento, descaso… são todos componentes das relações humanas que podes e provavelmente irás encontrar ao longo desse clube em andamento. Porém, se fores mesmo o moderador, terás como tarefa reconduzir a conversa para fins produtivos e prazenteiros.
A princípio, parecerá desarrazoado indicar aqui a leitura do livro Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie. Não se veja aqui o termo “influenciar” de forma meramente negativa; somos capazes de também influenciarmos alguém positivamente e é assim que deves trabalhar.
Um caso típico é o daquela pessoa que monopoliza a conversa, surda às opiniões dos outros e a forçar as suas o tempo inteiro. Nessa situação é aconselhável não cortá-la com bruteza, muito menos mandar-lhe “calar a boca”. Aí a melhor estratégia parece-me de procurar reinserir o grupo com alguma fala do tipo: “Certo, Fulana, essa é uma opinião interessante. Ciclana, o que você acha disso e daquilo?”.
Ser moderador envolve sobretudo jogo de cintura. O maior desafio é deixar a todos confortáveis para expressarem-se e instigá-los a participarem sem ter também o monopólio das falas. O moderador deve ter tanta participação quanto os demais integrantes do grupo.
Haverá momentos de timidez e haverá silêncio. Nessas horas te servirão perguntas e observações feitas de antemão para o clube, pois os assuntos tendem a se esgotarem com o passar das falas e são necessárias pequenas intervenções para revigorar o ânimo da discussão. Ao leres o livro, pensa já em questões que te interessam e que poderiam interessar aos demais. O que será que acharam de determinado personagem? Como certa cena encaixa-se no conjunto do livro? Há alguma mensagem na obra, o que acharam dela?
Caso faltem ideias, muitos sites de editoras fornecem tópicos de discussão. Informa-te, conduze pesquisas, prepara-te para possíveis perguntas, mas não te aches na responsabilidade de saber tudo sobre os livros que lerem. Se tudo soubesses o clube te seria inútil. O clube não é lugar de lecionar, é lugar para dialogar, pensar juntos.
E prepara-te para aceitar aqueles que não cumprirão as leituras. Não os deixes desconfortáveis, pois isso os desestimulará a voltarem. Pelo contrário, dize que é compreensível e ressalta os benefícios de concluir as leituras, pois os argumentos serão melhor baseados e o prazer de saber do que os outros falam será maior.
Se lês inglês, todos os guias que listo abaixo mostrar-se-ão úteis. Mas tem cuidado: não sejas inflexível. O clube, enquanto evento social, deve representar a vontade do grupo. Talvez teu plano inicial seja ler apenas ficção, então o grupo sugere uma biografia ou um livro de História. Se isso for melhor para o grupo, usa de flexibilidade. Podes ir longe a ponto de o clube ter seu próprio estatuto, contudo isso me parece exagerado. Para mim o objetivo geral de um clube de leitura é tirar o melhor e o máximo de cada livro.
Uma vez que o clube esteja em andamento e com bom funcionamento, essas indicações serão mais um hábito de boa convivência do que regras propriamente ditas. E em se tratar de pessoas encontrarás questões que nem o mais experiente é capaz de prever.
Meus últimos conselhos são estes: nunca desistas, nunca desistas, nunca desistas. Verás que as pessoas são dadas a faltar seus compromissos e te surpreenderás que até mesmo as mais empolgadas são passíveis de mudar subitamente de atitude. Mas não desistas! Segue tua iniciativa com prazer e entusiasmo. O pior que pode acontecer é teres lido um livro e, convenhamos, isso já é muito bom.